A polêmica sobre a adoção de livro do escritor Monteiro Lobato com termos racistas na rede pública de ensino volta à pauta nesta terça-feira (25), em reunião marcada para as 14h30 no MEC (Ministério da Educação).
O encontro discutirá o mandado de segurança do Iara (Instituto de Advocacia Racial e Ambiental) e do pesquisador de gestão educacional Antônio Gomes da Costa Neto contra o parecer do CNE (Conselho Nacional de Educação) que liberou a adoção do livro "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, no Programa Nacional Biblioteca na Escola.
Reprodução da capa do livro "Caçadas de Pedrinho" |
Além dos autores do mandado, estarão presentes representantes da Secadi (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão), da SEB (Secretaria de Educação Básica) e da Conjur (Consultoria Jurídica), do MEC.
O debate começou em 2010, quando o CNE determinou que a obra não fosse mais distribuída às escolas públicas por considerar que ela apresentava conteúdo racista. Após intervenção do MEC, o conselho decidiu anular o veto e indicar que as próximas edições do livro viessem acompanhadas de uma nota técnica que instruísse o professor a contextualizar a obra ao momento histórico em que ela foi escrita.
Para o advogado do Iara, Humberto Adami, só a nota técnica não é suficiente. “Tem que ter a nota técnica e tem que ter a ferramenta [que treine o professor a falar sobre o assunto]. Não é possível colocar o livro sem um contexto. Não queremos censurar a obra, queremos que ela seja contextualizada direito”, afirmou.
Audiência realizada no STF (Superior Tribunal Federal), no último dia 11, com mediação do ministro Luiz Fux, não chegou a nenhum consenso sobre o uso da obra. Fux explicou que se o MEC e o instituto não entrarem em acordo, a questão será julgada pelo plenário da Suprema Corte. Caso haja acordo, o ministro irá apenas homologar a decisão.
“Se o MEC não tiver avançado, vamos continuar com o mandado de segurança e, se esgotar o caminho do judiciário brasileiro, vamos às esferas internacionais de combate ao racismo”, disse Adami. O advogado do Iara também espera que a presidente Dilma Rousseff e o ministro Aloizio Mercadante entrem no debate sobre o tema.
O MEC afirmou que não irá recolher a obra e que já concordou com a inserção de nota explicativa nas futuras edições do livro. Segundo a pasta, os professores já são orientados a contextualizar o livro de acordo com o período em que ele foi escrito.
O livro
Publicado em 1933, "Caçadas de Pedrinho" relata uma aventura da turma do Sítio do Pica-pau Amarelo à procura de uma onça-pintada. Entre os trechos que justificariam a conclusão de racismo estão alguns em que Tia Nastácia é chamada de negra. Outra parte diz: "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão".
Em relação aos animais, um exemplo mencionado é: "Não é à toa que os macacos se parecem tanto com os homens. Só dizem bobagens". Outro é: “Não vai escapar ninguém — nem Tia Nastácia, que tem carne preta”.
(Com informações da Agência Brasil)
Fonte: UOL EDUCAÇÃO
0 comentários:
Postar um comentário
Deixe críticas, elogios, sugestões. Ajude a melhorar este blog.