"Movimento imigratório para o Brasil no século 21", o tema proposto para a redação do Enem deste ano, não agradou historiadores que pesquisam a imigração ouvidos pela Folha.
Maria Luiza Tucci Carneiro, professora de história da USP, diz que apesar de o assunto ser atual não há produção didática e paradidática suficiente para que o aluno tenha condições de desenvolver boas redações. "O professor do ensino médio ainda mal dá conta de trabalhar as grandes migrações do século 20 quanto mais de formar o aluno para um tema tão recente."
Professora de história da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marieta de Moraes Ferreira faz crítica semelhante. "Existem estudos, mas ainda não foram transferidos para livros didáticos e paradidáticos." Ela diz que assuntos como este, ainda que importantes, levam anos para serem "processados".
Para o vice-diretor da Faculdade Cásper Líbero, Wellington Andrade, que é professor de redação no curso de jornalismo e que participa da comissão que escolhe assuntos para o vestibular da faculdade, o problema não é o tema.
"Ele é muito bom, mas a preparação dos alunos médios brasileiros para redação é uma lástima", diz ele, que chegou a trabalhar na equipe de correção de provas do Enem.
Se mesmo os profissionais que elogiam o tema da redação do Enem dizem que ele pegou os alunos de "calças curtas", ele não foi totalmente surpreendente para a equipe do portal de ensino médio da Fundação Getulio Vargas, no Rio.
"Nossa equipe tinha elaborado uma pergunta sobre a recente migração de haitianos para o Brasil", diz a socióloga Raquel Emerique, em referência à base de perguntas disponíveis desde setembro deste ano no site ensinomediodigital.fgv.br.
Fonte: JORNAL FLORIPA
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