sábado, 8 de dezembro de 2012

PARA PROFESSORES, ENEM DOS PRESOS FOI "DIFÍCIL E INTERPRETATIVO"; VEJA PROVAS

O MEC (Ministério da Educação) aplicou no início dessa semana as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para presos e menores que cumprem medidas socioeducativas. Pela primeira vez desde 2009, quando a prova passou por uma reformulação, o UOL teve acesso ao exame aplicado nos presídios – o MEC não libera oficialmente os cadernos de prova – e consultou professores sobre o nível da avaliação.
Clique aqui para ver a prova do 1º dia, que teve ciências humanas e da natureza, e aqui para a prova do 2º dia, que teve linguagens, matemática e redação.
Para os especialistas, a prova foi "difícil e interpretativa" e, no geral, manteve o nível de dificuldade do exame aplicado aos demais inscritos, no início de novembro.
De acordo com o MEC, mais de 23 mil presos se inscreveram para o Enem em 2012, um crescimento de 60% em relação ao ano passado. As provas foram aplicadas na terça (4) e na quarta-feira (5) divididas por disciplinas, assim como o exame aplicado aos demais candidatos, que foram mais de 4 milhões.
Boa parte dos presos presta o Enem para obter o certificado de conclusão do ensino médio. Com a nota em mãos, o detento também pode pleitear vagas em faculdades particulares pelo Prouni (Programa Universidade para Todos) ou participar do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que dá acesso a instituições federais.
Nível elevado
Segundo Vera Lúcia Costa Antunes, coordenadora pedagógica do colégio e do curso Objetivo, o Enem dos presos teve um "nível elevado", levando-se em conta o grupo para o qual a prova foi aplicada. "A prova buscou identificar habilidade e foi bastante interpretativa", disse. "Só sentimos falta de um uso maior de mapas e gráficos em algumas disciplinas, como geografia".
Para Zelci Clasen, diretor pedagógico do sistema COC de ensino, não houve diferença significativa entre os dois exames. Segundo o professor, o MEC conseguiu utilizar o sistema da TRI (Teoria da Resposta ao Item) para elaborar provas de nível semelhante com questões diferentes.
Em alguns casos, como nas provas de ciências humanas e da natureza, os professores do Objetivo identificaram enunciados e respostas mais curtas, o que facilita a leitura, mas nível de dificuldade das questões foi semelhante.
Apesar da qualidade do exame de 2012 e de até o momento não ter surgido nenhum grande problema relacionado à prova – nos últimos três anos o Enem foi envolvido em escândalos de fraude e vazamento de questões –, ainda persistem reclamações quanto ao seu conteúdo.
Para Giuseppe Nobilioni, professor de matemática e também coordenador do Objetivo, o Enem continua sendo uma prova que exige "muito pouco conteúdo". "Como é uma prova que avalia o ensino médio, era de se esperar que fossem pedidas mais questões relacionadas ao programa oficial no ensino médio".
Segundo o professor, em especial na prova de matemática, há mais questões que exigem interpretação e conhecimentos do 1º grau, do que problemas envolvendo o currículo esperado no ensino médio. "É preciso que haja mais perguntas sobre trigonometria, logaritmos e funções e menos regra de três e porcentagem", diz.

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