quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

NO SERTÃO DO CE, PROFESSOR INOVA NA DIDÁTICA E GANHA CONCURSO NACIONAL

Ele ganhou o concurso 'Professor Nota 10', da Fundação Victor Civita. Há seis anos ele dá aulas em uma escola pública de Ocara.
"A escola sofre com metodologias que nós podemos dizer que não correspondem às expectativas dos alunos, com maneiras de dar aula que não chamam a atenção dos alunos. Isso faz com que eles não tenham nenhum interesse para estudar". Essa análise é feita pello professor Antonio Oziêlton de Brito Sousa, de 27 anos. Há seis anos ele dá aulas em uma escola pública no município de Ocara, a 104 quilômetros de Fortaleza, com uma nova proposta de ensino, para chamar mais atenção dos alunos.
Ele trabalha 60 horas por semana, nos três períodos, e ganha pouco mais de R$ 2 mil, dinheiro que mal dá para pagar as contas, quanto mais comprar livros. Ainda assim, ele reconhece a sua importância. "É na escola que os filhos dos pobres, dos agricultores têm a oportunidade de ter acesso à cultura de letramento. A única chance que eles têm de aprender é na escola e o principal agente de aprendizagem, no Brasil, é o professor".
A mãe foi a grande incentivadora. "Só fiz até a 4ª série, mas eu entendi que o melhor que a gente tem para dar aos filhos é o estudo". O menino que nunca precisou de bronca para estudar contagiou a todos os que estavam à sua volta. "Ele vivia me incentivando, dizia Valesca tem de estudar", conta a irmã.
Ele conta a que a "paixão" pelo ensino começou no início de 2011, quando se deparou com o desafio de lecionar língua portuguesa para a turma do 8º ano, considerada a mais difícil da Escola de Ensino Fundamental Odilon de Souza Brilhante. Desmotivados, os estudantes se recusavam a realizar as atividades e faziam questão de bagunçar as aulas. O professor, conhecedor da realidade à sua volta, percebeu que a resistência se devia, em grande parte, à dificuldade dos alunos em entender o que liam.
"Por que vou ler isso aí se, no final, não entendo nada?", se perguntava uma aluna. O problema era comum. O professor decidiu, então, apresentar a eles uma sequência didática em que o texto ganhasse sentido. Ele trabalhou com memórias porque é algo que todo mundo tem. A escolha deu certo.
O projeto de Ozielton, intitulado de “Memórias todo mundo tem”, terminou em dezembro de 2011, foi tão bem sucedido que tirou o primeiro lugar no Prêmio Professor Nota 10, da Fundação Victor Civita, competindo com outros dez projetos, de quase três mil inscritos. A Fundação Victor Civita edita a revista Nova Escola.
Hoje, o professor Ozielton continua inovando. Em uma turma do 3º ano, os alunos tinham dificuldades para ler e, principalmente o sentido do que estava escrito. "A gente não entendia direito", conta a estudante Alice Maria. "Hoje a gente tem a poesia e com ela a gente se dispõe mais a ler a a escrever". Ela está se referindo ao método adotado pelo professsor. "As nossas aulas não começam com leitura no livro didático e sim com a leitura e interpretação de poesias escritas pelos próprios alunos".
Fonte: G1 CEARÁ

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