segunda-feira, 4 de maio de 2015

E OS TRABALHADORES BRASILEIROS SANGRAM COM OS PROFESSORES NO PARANÁ

Em artigo enviado ao Blog, o professor Ivan Oliveira comenta da atuação do governo do Paraná em manifestação dos professores. Confira:
Uma das maiores classes de trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, literalmente, sangra com os ataques da Polícia do Estado do Paraná a mando do chefe do Palácio Iguaçu, o governador Beto Richa (PSDB).
Os colegas professores paranaenses protestam contra um projeto de lei que altera a previdência estadual, um verdadeiro golpe na aposentadoria dos educadores, e, por esta razão, estão em greve desde segunda-feira (27). Infelizmente, o projeto foi aprovado na noite da mesma segunda-feira, em segundo turno, pela Assembleia Legislativa.
Nós, cearenses, já tivemos um momento de trevas, como o assistido nesta última semana, mas recebemos um grato presente do governador Camilo Santana (PT) que concedeu um reajuste de 13,01% para professores da rede estadual como presente do Dia Internacional da Educação, comemorado no último dia 28 de abril, e atendeu uma antiga demanda reprimida da categoria, igualando o salário dos profissionais do Ceará ao piso nacional dos professores.
Esta correção alcançará o vencimento básico de 48.842 educadores da rede estadual, mas dependerá de projeto de lei ser encaminhado no próximo mês para aprovação dos deputados na Assembleia Legislativa. Aguardemos a materialização deste presente em vencimentos concretos nos contracheques dos companheiros e companheiras da docência estadual.
E o problema da educação não se limita a presente pauta desta greve, soma-se as condições de vida e de trabalho dos trabalhadores em educação que se degradaram muito nos últimos anos e se somou a qualidade dos instrumentais disponíveis para eles.
Os professores e demais funcionários em educação vivem, em todo território brasileiro, situações muito diferentes e preocupantes. O Brasil não possui um sistema escolar único, ao contrário do que ocorre nos países de Estado de bem-estar, que têm um sistema estatal (isto é, público), gratuito e laico.
Aqui conseguimos praticamente universalizar o acesso à educação, mas não se criou um mecanismo de qualidade e de valorização dos profissionais da educação.
Somos uma categoria super capilarizada e essencial para o desenvolvimento do país. Apesar do senhor governador Beto Richa (encontra-se nas redes alusão ao Beto Hitler) não concordar com esta assertiva e autorizar sua polícia a sangrar os professores paranaenses, aproximadamente, 50 policiais militares se recusaram a jogar bombas de gás e pimenta nos manifestantes no Centro Cívico, durante a batalha campal que se instalou na última quarta-feira (29).
Um ato de coragem que deveria ser seguido pela maioria dos policiais que estava no cordão de isolamento da Assembleia Legislativa e que, a mando do comando, acabou entrando em luta corporal com professores e estudantes.
Parecia um cenário de guerra e uma amostra grátis dos tempos de ditadura militar – aquela pauta propalada por alguns manifestantes dos eventos de março e abril de 2015.
Somos a maior classe trabalhadora do Brasil e hoje, dia dos trabalhadores e trabalhadoras, deveríamos estar comemorando o piso nacional aplicado em todo país e um plano de cargos e carreiras dignos para os educadores brasileiros, mas a realidade padrão é uma remuneração insuficiente aos trabalhadores somado as condições de trabalho péssimas ou inadequadas e desprestígio do trabalho docente junto aos governos, à imprensa e a parte da sociedade.
É uma tristeza ver o Palácio Iguaçu tentando justificar o atos de covardia contra os professores alegando que havia black blocks infiltrados, estes teriam sido os responsáveis pelo início do tumulto, e teriam sido os responsáveis por ter deixado dezenas de pessoas feridas. Conforme afirmou o governador do Paraná, Beto Richa: “Lamentável, cenas chocantes e indesejáveis. Arruaceiros, black blocs que partiram para cima de PMs, que preservavam a assembleia. A agressão não partiu dos policiais. Eles ficaram parados para proteger o prédio da Assembleia Legislativa. A polícia não partiu para cima dos manifestantes uma única vez”.
Não se fala do escarnecimento de alguns policiais pintados de canetinha vermelha para passar a impressão de que sofreu ataques violentos dos professores em greve no Paraná. Como se diz nas redes sociais, vergonha alheia!
Senhor Governador, nada justifica as atrocidades contra os educadores e nada é mais covarde do que saquear a previdência estadual para financiar as aventuras do Palácio Iguaçu.
O projeto de lei aprovado prejudicará a aposentadoria dos servidores paranaenses para “salvar as contas do governo” dado que tirará 33 mil aposentados com mais de 73 anos do Fundo Financeiro, sustentado pelo Tesouro estadual e que está deficitário, e transferir-los-á para o Fundo de Previdência estadual, pago pelos servidores e pelo governo, que está superavitário.
Nós, professores e professoras, precisamos urgentemente do apoio dos gestores – presidente, governadores e prefeitos – para construir uma verdadeira PÁTRIA EDUCADORA e, como disse Vagner Freitas, Presidente da CUT, “Nesse Primeiro de Maio em nome de todos/as aqueles que lutam por um mundo melhor, repudiamos a violência policial patrocinada pelo governador tucano do Paraná e homenageamos os educadores e servidores do Paraná, mais uma vítima da crescente violência policial patrocinada por governantes empenhados em retirar direitos dos trabalhadores, duramente conquistados em anos de luta”.
Gostaria, neste dia simbólico para os trabalhadores em todo o mundo, de homenagear os mártires de Chicago e todos os trabalhadores e trabalhadoras que lutaram e que lutam por um mundo mais digno, solidário e socialista; mas, não o farei.
Hoje os nossos mártires são os professores do Paraná e do Brasil afora que sofrem com os desmandos dos muitos Richas a frente dos governos estadual e municipal.
Peço aos brasileiros, em especial, aos colegas professores e professoras cearenses, que sejamos solidárias com os irmãos paranaenses que repudiemos veementemente a ação patrocinada pelo governador tucano do Paraná, pelo secretário de segurança pública e pela polícia militar sem precedentes no Estado, superando em vítimas até mesmo a violenta repressão ocorrida no Paraná em 1988, quando era governador o hoje senador tucano Álvaro Dias.
Somos uma categoria que conhece bem a truculência de um governo e temos a noção real das atrocidades cometidas contra os educadores do Paraná.
Neste dia Primeiro de Maio, estamos com o coração aflito e sangrando por causa destes atos inadmissíveis, no Estado Democrático de Direito, contra cidadãos que exercem o legítimo direito de greve e de livre manifestação.
Viva aos professores e professoras do Paraná. Neste ano de 2015, os mártires em defesa dos direitos, garantias e liberdades dos trabalhadores são vocês.

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