Primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama está entrando no último ano de seu primeiro mandato e deve ser um dos protagonistas nos próximos vestibulares. A aposta é de Edir Vieria Filho, professor de História do curso Universitário, de Porto Alegre. "Obama pode ser cobrado de três formas diferentes: sobre a crise financeira interna, sobre alterações na sua política armamentista ou sobre a sua posição em assuntos do Oriente Médio", opina, destacando que é nas provas de história e geografia que o presidente deve surgir. Contudo, aprofundar-se no assunto é essencial, já que também existe a possibilidade de Obama virar tema de redação. Para isso, confira os principais pontos do seu mandato:
Crise Financeira
Ao assumir a posse no ano de 2009, Barack Obama não ganhou somente a liderança da maior superpotência mundial, mas também herdou uma dívida de US$ 10,5 trilhões. O problema financeiro dos Estados Unidos tem suas raízes em 2008. Para o professor Vieria Filho, a crise imobiliária, como ficou conhecida, não deve ser questão no vestibular, contudo, é essencial para o estudante compreender a origem do problema.
O governo Bush foi marcado pela facilidade do mercado imobiliário. Com o financiamento fixado em torno de 2% ao ano, a compra de um imóvel se tornou acessível à população de renda mais baixa. O que deu origem ao atual cenário foram as hipotecas chamadas de "subprime", que são caracterizadas pelo empréstimo bancário dado a um cliente de renda muito baixa - cujo risco de não pagar é maior, mas ao mesmo tempo, oferece uma taxa de retorno mais alta.
Resumidamente, para controlar o mercado imobiliário tão aquecido com a alta demanda de compradores, os juros subiram. Logo, muitos clientes não conseguiram pagar o financiamento e entregaram os imóveis, o que resultou em sobra de imóveis, baixa de preço e financiadoras quebradas. Para resolver o problema, o Senado e a Câmara dos Deputados aprovaram o plano de resgate dos mercados e investiram US$ 700 bilhões nos bancos quebrados do país.
Tudo isso resultou na dívida de US$ 10,5 trilhões. E é aí que entra Obama e sua possível participação no vestibular. Em sua campanha eleitoral, Obama afirmou que iria reduzir a dívida, mas ela só aumentou e hoje equivale a 100% do Produto Interno Bruto (PIB), e de US$ 10 trilhões passou para US$ 14,3 trilhões. Mas o Senado dos Estados Unidos aprovou o projeto de lei que permitiu a elevação do teto da dívida pública em pelo menos US$ 2,1 trilhões que devem ser pagos em três etapas. Com isso, a secretaria do Tesouro anunciou que haveria um corte de verba para estados e municípios, e aumento na tributação. Protestos populares começaram a ocorrer.
"O protesto de Wall Street começou por isso, e essa é outra questão possível nas provas", afirma o professor de história. Iniciado nas redes sociais, o movimento mobilizou milhares de pessoas que tomaram a região de Wall Street, maior centro financeiro do mundo, em Nova York, para protestar contra a crise. Conhecido como Ocupe Wall Street, o movimento começou no dia 17 de setembro. "A população protesta contra o uso de recursos públicos para socorrer grandes empresas da crise e ainda questiona o modelo centralizador de riqueza", diz Vieira Filho.
Política Armamentista
O professor de história Vieira Filho afirma que um fato que deve receber grande atenção no vestibular é a mudança na política armamentista nos Estados Unidos, que ocorreu no governo de Obama. Ele explica que o presidente norte-americano afirmava em sua campanha eleitoral ter como meta um mundo livre de armas nucleares. "O primeiro passo foi o acordo assinado com Medvedev", diz, referindo-se ao acordo histórico assinado no ano passado por Obama e Dimitri Medvedev, presidente da Rússia. O documento promete o corte em cerca de 30% do número de bombas atômicas instaladas em ambos os países nos tempos da Guerra Fria.
"Estes arsenais de armas nucleares são uma ameaça ainda maior hoje, com o terrorismo, do que naquela época de combate entre superpotências", diz o professor. Contudo, nos próximos anos, o presidente deverá decidir se vai permitir a criação de um tipo de arma que pode ser lançada do solo dos Estados Unidos atingindo qualquer lugar do mundo. Vieria Filho explica que o estudante deve ter em mente uma característica essencial do governo Obama: a diminuição do uso de armas nucleares, mas o investimento em tecnologia de ponta para seu arsenal de defesa. "Por um lado eles temem o terrorismo e a possibilidade de as armas nucleares se proliferarem em países do Oriente. Mas por outro eles investem em defesa com medo justamente de ameaças terroristas", contextualiza.
Questão Palestina
Em coletiva de imprensa em Washington, Barack Obama declarou abertamente que era contra o reconhecimento do Estado Palestino na Organização das Nações Unidas (ONU). Depois, em atitude de boicote, o presidente anunciou o corte do envio de fundos à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) pelo fato de ela ter aprovado a admissão da Autoridade Nacional Palestina (ANP) como membro pleno da organização.
Vieria Filho afirma que tal posição do país norte-americano e seu apoio a Israel são duas grandes apostas nos vestibulares. Para isso, os estudantes devem entender os motivos do apoio ao estado judeu. O Estado da Palestina proposto possui as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias de 1967, que são internacionalmente aceitas, mas rechaçadas por Israel. Ele inclui Gaza, Cisjordânia e, como capital, Jerusalém Oriental. "O problema é que Israel não coloca Jerusalém em discussão e não quer reconhecer o estado dos palestinos", diz o professor.
De acordo com ele, Obama apoia Israel afirmando que o reconhecimento apenas serviria de "distração e não resolveria o problema" entre israelenses e palestinos. Por outro lado, a maioria dos países, incluindo o Brasil, consideram o reconhecimento da Palestina na ONU não só como um direito, mas também como a principal condição para que acordos de paz sejam fixados entre os dois povos. "O fato é que os Estados Unidos possuem uma presença judia muito intensa em grandes postos governamentais. A comunidade judaica lá é muito forte, e isso pesa na decisão de Obama", fala Vieira Filho.
Fonte: TERRA
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