O Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão do Ministério da Educação responsável pela aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), divulgou na quarta-feira (2) informações sobre a correção das redações da prova. Segundo o instituto, 826.798 das redações (20,1% do total) foram corrigidas por um terceiro avaliador, por causa da discrepância entre as notas atribuídas pelos dois corretores originais. Outros 100.087 textos tiveram que ser submetidos a uma banca examinadora, porque se manteve a diferença de mais de 200 pontos entre as notas dos três avaliadores.
No total, foram corrigidas 4.113.558 redações, de acordo com o Inep, sendo que 1,82% estavam em branco e 1,76% tiveram nota zero, por não cumprirem as regras propostas no enunciado. "Os números ficaram dentro do previsto nas simulações realizadas por técnicos do Cespe/UnB [Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília] e pela comissão de especialistas do Inep, composta por pesquisadores e membros da Abav (Associação Brasileira de Avaliação)", disse o presidente do Inep, Luiz Claudio Costa.
A divulgação das informações ocorreu no mesmo dia em que estudantes de pelo menos 13 cidades protestaram contra as notas das redações divulgadas na semana passada. Eles consideram as notas injustas querem que o MPF (Ministério Público Federal) e a Defensoria Pública acionem a Justiça para obrigar o MEC a liberar a vista das redações e abrir um prazo de recurso.
Pedido de revisão
O grupo de estudantes, que se organizou por meio do Facebook, quer que isso ocorra antes da abertura das inscrições para o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que seleciona os candidatos para a maioria das universidades federais exclusivamente pela nota do Enem. Uma estudante do Rio de Janeiro já conseguiu liminar para ter acesso à sua redação.
Procurado, o MEC afirmou que a abertura do Sisu está confirmada para a próxima segunda-feira (7) e que a divulgação das provas de redação ocorrerá somente em fevereiro com caráter "pedagógico", ou seja, sem a possibilidade de recurso.
Histórico
Essa não é a primeira vez que as provas de redação do Enem causam polêmica. Em 2010 e 2011, o MEC enfrentou diversos processos judiciais que pediam a revisão dos textos e a possibilidade de recursos. Após liminares favoráveis aos candidatos, a ações tiveram fim após a assinatura de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público Federal.
O MEC se comprometeu a liberar a vista dos textos pelos candidatos, mas não a permitir recursos, possibilidade que, de fato, não foi incluída no edital do Enem 2012.
O Inep alega que alterou os procedimentos de correção das redações para evitar erros. Uma das alterações foi a redução de 300 para 200 pontos na diferença de notas que obriga a correção pelo terceiro avaliador. Além disso, foi incluída a banca examinadora para dirimir os casos de persistência das diferenças.
Ainda segundo o Inep, os corretores de redação que atuaram no Enem passaram por dois meses de treinamento sobre as competências que deveriam ser exigidas nos textos e mais duas semanas para se capacitarem sobre o tema do teste – O Movimento Imigratório para o Brasil no Século 21. Segundo o instituto, os examinadores foram submetidos a pré-teste de avaliação da capacidade de correção de acordo com o padrão estabelecido pela banca examinadora.
Fonte: UOL EDUCAÇÃO
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