Gestores das unidades afirmam que, desde 2014, os recursos para escolas públicas têm sido mínimos
A falta de merenda nos colégios da rede estadual é uma das principais preocupações dos professores. Grande parte dos alunos não tem condições de levar para a escola alimentação de casa, o que acaba afetando no rendimento.

O problema é que, com o atraso no repasse aos fornecedores, começam a faltar materiais básicos, como merenda, papel e tinta para pincel do professor. A situação se deve à burocratização do processo, que vem desde a licitação até a liberação do recurso para aquisição dos itens necessários. "Tudo isso tem afetado em cheio as escolas públicas. A gente se preocupa bastante, porque isso pode comprometer, inclusive, o trabalho pedagógico escolar", avalia Humberto Mendes, coordenador da Escola de Ensino Médio Adauto Bezerra, localizada no Bairro de Fátima.
O coordenador acrescenta que, desde o fim do ano passado, os repasses para as escolas têm sido insuficientes. "Não atendem à demanda para suprir minimamente as necessidades", enfatiza. Outro programa que está comprometido é o "Rumo à Universidade", uma espécie de cursinho pré-Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Até o momento, não foi confirmada a existência do projeto, que há mais de sete anos vinha sendo realizado como suporte de preparação dos alunos para a prova.
Esse atraso, destaca Humberto Mendes, afeta o funcionamento regular da escola, atingindo também a manutenção. Reparos básicos, como o conserto de ventiladores e a reposição de lâmpadas, são prejudicados com o atraso desses repasses.
"São coisas simples, mas que dificultam o trabalho em sala de aula, pois a escola passa a ter espaços escuros e quentes. A gente espera que esse problema seja solucionado o mais rápido possível, pois a Educação, enquanto serviço essencial, não pode ser atingida por corte de verba ou por conta da burocracia", diz.
Hoje, às 10h, alunos e professores da Escola Adauto Bezerra realizam um abraço à unidade. O simbólico ato tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para a escola pública. Já no bairro Canindezinho, alunos e professores da Escola de Ensino Fundamental e Médio Senador Osires Pontes vão protestar, às 9h, na própria unidade. Ontem, alunos do Colégio Estadual Presidente Humberto Castelo Branco saíram às ruas do bairro Montese para se manifestar.
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Na edição dessa quinta-feira (28), o Diário do Nordeste já havia adiantado a carência de merenda no Interior do Estado, refletindo em prejuízos para os alunos |
Itamar Freire da Silva, professor da Escola Osires Pontes, afirma que há um mês os alunos estão sem merenda. Os que podem levam lanche, mas, como trata-se de uma comunidade carente, nem todos têm condições de fazer o mesmo. Alguns contam com a merenda como única refeição. Conforme o professor, mais de 200 escolas no Estado passam pelo mesmo problema.
Regularização
Em nota, a Seduc esclarece que por meio das Leis nº137/2014 (junho de 2014) e nº 146/2014 (dezembro de 2014) e do Decreto 31.543/2014 (agosto de 2014), regulamentou a operacionalização de recursos financeiros por parte das Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (Crede), Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor) e unidades escolares da rede estadual de ensino. O órgão assegura, ainda, que não houve redução de recursos para as escolas.
"Essa legislação apresenta um conjunto de novos procedimentos que alteram o fluxo anterior de repasses e de execução dos recursos", destaca a nota. Sem especificar prazos, ela ressalta que a Seduc, suas regionais e escolas trabalham nesse processo para que tudo esteja resolvido o mais breve possível.
Em relação ao projeto "Rumo à Universidade", a Seduc diz que a Sefor está avaliando essas atividades e, em breve, dará um retorno. Ontem, gestores da Escola Adauto Bezerra se reuniram com a secretária executiva Dalila Saldanha sobre a operacionalização de recursos.
Luana Lima
Repórter

Fonte: DIÁRIO DO NORDESTE
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